Web Summit e a nova era da Inteligência Artificial

web summit lisboa

A Eureka Coworking marcou presença no Web Summit 2025, em Lisboa, acompanhando de perto as discussões mais relevantes das áreas de AI Summit, Marketing Summit, Growth Summit e Developers Summit.

Foram três dias intensos, com mais de 71 000 participantes de 157 países, todos reunidos num único propósito: entender como a tecnologia está a redefinir o presente — e a moldar o futuro.O tema dominante foi inequívoco: a Inteligência Artificial (IA).
As conversas, painéis e demonstrações confirmaram aquilo que já intuíamos — estamos a viver o início de uma nova era tecnológica, que exige adaptação, estratégia e reflexão ética.

1. Abertura e visão global

A sessão de abertura, conduzida por Paddy Cosgrave, fundador e CEO do Web Summit, deixou uma mensagem clara:

“A inovação já não é monopólio dos Estados Unidos. A nova vaga tecnológica é global.”

Cosgrave destacou o avanço de países como a China e o Brasil, mencionando inclusive o PIX, sistema de pagamentos brasileiro que tem despertado curiosidade — e até preocupação — em líderes internacionais, incluindo Donald Trump.

A conclusão é evidente: empresas e profissionais precisam de se posicionar estrategicamente neste novo mapa tecnológico, que já não tem fronteiras fixas.

2. A corrida da IA nas empresas

Automação, ROI, redução de custos e eficiência. Estes foram alguns dos conceitos mais recorrentes nas palestras sobre IA.

A inteligência artificial está a tornar-se o novo motor de competitividade, mas ainda há um longo caminho a percorrer até à maturidade.

No painel com Olga Megorskaya, entrevistada por Kit Eaton, surgiu uma analogia curiosa:

“Se a IA fosse uma pessoa, estaria agora no seu primeiro emprego.”

Ou seja, tem potencial imenso, mas ainda está a aprender — e, tal como um recém-empregado, precisa de orientação e experiência.

O CEO da Quantexa, Jamie Hutton, apresentou dados que reforçam esta ideia:

  • 95% dos projetos-piloto de IA generativa nas empresas estão a falhar;
  • 40% das iniciativas de Agentic AI deverão ser canceladas até 2027;
  • 80% não geram impacto real mensurável.

Estes números são um alerta: não basta “ter IA” — é preciso saber aplicá-la com estratégia, dados de qualidade e métricas de sucesso claras.

Para as empresas, isso significa:

  • A IA será cada vez mais central, mas o risco de hype e de frustração ainda é elevado;
  • O retorno depende da qualidade dos dados e da capacidade de adaptação cultural;

Mais do que substituir pessoas, o verdadeiro valor está em integrar humanos e IA num mesmo ecossistema produtivo.

3. Ética, mercado e impacto humano

Um dos debates mais acesos nos palcos do Web Summit foi sobre ética e empregabilidade:
até que ponto a IA poderá substituir profissionais? Estarão os especialistas em UX, desenvolvimento e gestão de produto em risco?

A resposta geral foi tranquilizadora: a IA é uma ferramenta, não um substituto.
O foco continua a ser o ser humano — o cliente final, aquele que decide, compra e confia.

Para que uma marca se mantenha relevante, precisa de criar experiências autênticas e personalizadas.
É aqui que a IA se torna uma aliada poderosa, capaz de apoiar os especialistas na criação de produtos e serviços mais próximos das pessoas.

Como resumiu Jamie Hutton:

“A IA será tão boa quanto a base de dados que tiver.”

Sem bons dados, não há bons resultados.
Na prática, a IA deve ser encarada como um agente transformador, que permite desenhar experiências mais humanas — especialmente nas áreas de UX, product management e marketing.

4. RH, cultura empresarial e agentes de IA

Outra tendência evidente é a redefinição da cultura empresarial e das equipas com a chegada da IA.

Um exemplo inspirador é o da Spinnable, startup fundada por Vasco Pedro.
A empresa opera com 15 colaboradores, dos quais 10 são agentes de IA — ou seja, entidades digitais integradas nas equipas humanas.

Vasco Pedro defende que:

“O sucesso do negócio não deve depender do número de pessoas que consegues contratar.”

Esta visão redefine o papel do Recursos Humanos:

  • Como colaborar com agentes de IA?
  • Como lidar com erros ou decisões automatizadas?
  • Como manter a cultura organizacional equilibrada entre pessoas e tecnologia?

A resposta passa por desenvolver novas competências, onde a empatia humana e a literacia tecnológica caminham lado a lado.
É uma mudança de paradigma — e um convite à reinvenção.

5. O que vem depois da IA: a computação quântica

Se a IA é o presente, a computação quântica é o futuro que se aproxima rapidamente.

Ainda em estágio inicial, mas já com grandes avanços e demonstrações no Web Summit, esta tecnologia promete revolucionar a capacidade de processamento e resolver problemas que hoje são matematicamente impossíveis para os computadores clássicos.

Importa, porém, esclarecer: a expressão “100 qubits podem processar o equivalente a todos os átomos da Terra” é uma metáfora — ilustra o salto exponencial de capacidade, não uma comparação literal.
Cada qubit adicional dobra o número de estados possíveis, o que significa um crescimento exponencial em poder de cálculo.

As aplicações na indústria farmacêutica são particularmente promissoras:

  • Simular moléculas complexas, como proteínas e enzimas humanas;
  • Desenvolver medicamentos personalizados baseados no genoma do paciente;
  • Reduzir décadas de investigação para horas de simulação.

Ainda é uma visão de futuro, mas o recado é claro: as empresas que hoje se adaptam à IA estarão mais preparadas para a era quântica.

Conclusão

O Web Summit 2025 deixou três mensagens incontornáveis:

  1. A IA já é uma realidade — não apenas promessa, mas ferramenta competitiva.
  2. A ética, os dados e as pessoas continuam a ser o centro do progresso tecnológico.
  3. A computação quântica é a próxima fronteira, e o momento de preparação é agora.

Para a Eureka Coworking, a mensagem é clara:

Estamos no momento de agir — não apenas de observar.
O barco da IA está a zarpar, e queremos todos embarcar neste cruzeiro rumo ao futuro.

Agradecemos ao Web Summit, à Sofia Jacob, que tornou possível a nossa participação, e a toda a comunidade tecnológica que fez destes três dias uma experiência inspiradora.

Agora, sigamos — juntos — para a próxima fase.

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